segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Inevitável Parte II

Cá estou eu a escrever também...
Razões? 1)por indicação das outras duas mãos; 2) por questões de calendário 3) outra qualquer razão que queiram!
O Natal passou...aproxima-se o final de ano e por inerência os balanços e lista de intenções... (algo que não me apetece fazer!)
2009 foi um bom ano...poderia ter sido melhor? se calhar, podia... se calhar, se eu tivesse feito por isso...
Enfim, cá estão as considerações que não me apetece fazer...
Para 2010, tenho de me habituar a não pensar demasiado, e a não atribuir causas ou razões às coisas e acontecimentos...(perde-se imenso tempo, já para não falar de oportunidades!)
Bom, fico-me por aqui...
Um fantástico 2010 para todos e para ti...não esqueças 2010=3 :)
R

Era inevitável

Era inevitável não escrever no final do ano e mais do que isso ter uma bela constipação...não é final do ano sem a constipação da praxe, o que vale é que não tenho tosse, também tipica de passagem do ano.
O final do ano é tempo de balanço espiritual, financeiro, enfim, há que pesar os prós e contras do ano que agora está a terminar. Sinceramente este ano, é talvez o ano que menos tenho pensado sobre isso. Sem dúvida 2009 foi um grande ano, sobretudo de desafio, missão, e espirito de aventura. Para 2010, que venham mais desafios como este, ou outros melhores!
CF

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O tempo não passa...VOA

Só quando passamos por determinadas datas, nos salta à ideia que ainda há pouco parece que a estava a assinalar. Dei por isso ontem, dia 01 de Dezembro, dia Mundial contra a sida e faz 1 ano que escrevi no blog sobre o tema. Poderei acrescentar que os comportamentos de alguns pouco mudaram, mas o trabalho continua, ou seja, a prevenção existe e temos que ser responsáveis pelos nossos comportamentos, afinal somos adultos. Já quase quase integrada no nosso país, mas agora a aproveitar uns dias de férias. O tempo está chuvoso, mas dá para organizar pendentes... estar três meses longe de casa, do nosso dia a dia habitual, faz com que os assuntos que pensamos sempre prioritários, passem para segundo plano. Por isso, chegou a altura de arrumar papéis, tratar de assuntos, para os quais nunca se tem tempo e arrumar ideias, está à porta um novo ano :)!!
CF

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Ainda...

Como há alguns tempos vos disse, Ainda em STP quer dizer ainda não. Ainda não estou integrada a 100%, já de volta ao trabalho, as coisas têm sido feitas com suavidade e relatividade. O corpo que sem dúvida é a nossa defesa interna para o mundo, é o que continua a sofrer. O desarranjo intestinal ainda é sentido, o sono ainda não se regularizou aos novos fusos horários, ou seja, após o jantar estou pronta para ir dormir, e o que hei-de vestir também continua a ser uma preocupação diária. Têm-me perguntado, se sinto saudades de STP, ao que tenho respondido que para já não. Cada vez mais penso que temos que agarrar as oportunidades quando elas surgem e vivê-las intensamente, penso que foi isso que fiz na minha estadia em STP. Por isso para já, não tenho saudades, o sentimento é de ter vivido o que me foi oferecido. Quanto à realidade laboral, é bom o sentimento de ter perdido algumas coisas (a maioria não foi boa)e de ainda conseguir relativizar as coisas, que para a maioria já os tira do sério. O desejo é que esta paz de espírito se mantenha por muito tempo!!
CF

terça-feira, 10 de novembro de 2009

A caminho dos Tuneis...

Cheguei!!

Tento diariamente aterrar em PT, o meu país, que me parece tão estranho e diferente do contexto em que vive nos últimos meses. A despedida foi regada a alcool, há que suavizar a coisa e a minha barriga está até hoje a queixar-se dos excessos de meses. Ter água, luz, estar de volta à minha casa é bom, não olho muito para trás, porque a direcção a seguir é em frente. Ao frio, pelo menos assim o sinto, ainda não me habituei, não sei o que vestir, mas a pouco e pouco a adaptação é necessária. Estou de férias e para não perder tempo, vou até ao algarve, para ver se por lá encontro sol, o meu corpo e alma pedem calor.
CF

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ai ai que vai custar...

Hoje sim, acordei com uma sensação estranha. É quarta feira, e daqui a um dia e meio já estou em Portugal. Ainda com alguns assuntos por terminar a nivel de projecto, mas que me dão algum tempo para pensar... há que aproveitar a hora do almoço para comprar algumas coisas e começamos a ouvir, onde é que TU gostavas de ir almoçar, sim eu, pq sou eu que me vou embora. Os sitios, os locais, começam a ser olhados pela última vez e não me agrada a ideia. Depois de almoço, fui ao mercado velho, comprar umas coisas para levar e dei por mim a pensar que não voltava aquele local, as saudades começam a sentir-se e os encontros do final de tarde com as pessoas que me acompanharam em STP a fazer as suas despedidas. A despedida de PT para STP foi mais emotiva do que alguma vez imaginei (nem me estava a reconhecer, mas aconteceu), estou para ver agora no regresso, como vai ser. Fiz questão de pedir, para não existirem momentos destes, para que tudo decorresse normalmente, como na sexta feira viesse trabalhar, quero evitar a todo o custo essa sensação de adeus. Estou a agarrar me as coisas boas que deixei em PT, para a saida ser mais leve. Mas por aqui as pessoas, os cheiros, o barulho, movimento, cores, teimam em prender-me aqui, ou será que sou eu? Sem dúvida o sentimento predominante é de despedida, com um misto de alegria e saudade. Desta vez, sim já sinto saudades, antes de partir.
Até breve,
CF

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Quase quase...

Os assiduos leitores já devem andar a perguntar que é feito de mim. Pois é, estes últimos dias têm sido repletos de stress, ansiedade e sentimentos similares. O tempo voa, os objectivos têm que ser alcançados e é isto. Ontem tivemos direito ao segundo período, porque no domingo foi feriado e deram a tarde de segunda-feira. Fomos ao final do dia até à praia, coisa rara durante a semana, aliás nunca tinha acontecido. Foi optimo para relaxar e sair da praia à luz do luar (neste caso lua cheia) simplesmente belo.
Também no fim de semana passado, fomos passear, mas antes ainda tivemos tempo de ir até ao salão de beleza, fiz umas tranças, foi esquisito, habituar me ao novo look. Mas posso adiantar, que após a fase da adaptação, gostei e gosto de me ver e é muito prático. O cabelo está sempre preso, as lavagens são fáceis (quando existem).
De resto só posso dizer que estou a aproveitar os últimos dias mesmo como últimos, afinal são mesmo…

CF

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Incrível ...

Pois bem, passado uns meses de estar em STP, hoje pela primeira vez, tive net sem stresses de maior. Deu para trabalhar, para receber e enviar mails, em tempo útil e melhor sem quebras de energia e receios que esta se vá. O tempo passa, e os sentimentos são diversos, ainda ontem parece que começou a semana e já estamos quase no final da mesma. A seguir a esta só faltam mais duas e aqui vou eu. Quando penso nisso, automaticamente quero deixar de pensar, o que me tem guiado até aqui, é levar o dia a dia, ser surpreendida com os imprevistos, gerir os constrangimentos e aproveitar as oportunidades. Penso que é o lema que tentarei manter até ao dia da minha partida. Hoje à hora do almoço, tentei fazer uma lista de recuerdos que gostava de levar para algumas pessoas, e aí dei-me conta que realmente o tempo passou e saudades de quem está longe. É um misto de sentimentos, é bom voltar para ao pé de quem gostamos e queremos abraçar, mas também é bom estar cá, enfim... penso que não me consigo explicar melhor. Sou bem tratada aqui, gosto de tudo, e estou a adorar o que estou a fazer, por isso, também não queria ir já, se calhar :) bem mas tudo tem o seu tempo e vou aproveitar enquanto estou por cá e manter a par quem está por ai.
CF

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Rolas...

O Melhor Também!!

O fim de semana de princesa já passou, mas sem dúvida foi mesmo à grande, tive direito a tudo. As Rolas é um local a visitar, é o Paraiso, dos Paraisos. A paisagem é deslumbrante, o sitio calmo, a praia magnifica, a piscina deslumbrante, e o melhor sempre com água e luz. Tive direito a assisitir a TV com mais do que dois canais, a uma big cama, a um colchão maravilhoso, enfim, fui uma lorde, como já merecia. Para terminar acabei por descobrir que por engano tivemos direito a uma suite, em vez de quarto duplo, logo a vista que tinhamos do quarto era linda, linda. O pior foi mesmo sair do paraiso e voltar ao dia a dia. Mas sem dúvida que deu para recarregar baterias e suportar a chuva que se tem sentido nestes dias. O tempo já está em contagem decrescente e aproveitar ao máximo, é o LEMA.
CF

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O pior é sempre possível…

Pois é, aqui está uma bela verdade, quando pensávamos que já era mau, o pior estava para vir. No domingo passado, houve um incêndio na EMAE, responsável pela distribuição de energia no País, e o que aconteceu, é que ficámos sem dois geradores, dos poucos que há. Perguntam vocês e qual é a consequência directa? Deixamos de ter luz e água, por períodos superiores a 12 horas, ou seja, actualmente estamos com uma média diária de 4 horas de energia, tendo em conta que esta geralmente vem de madrugada. Muito bom. Hoje o banho foi com copo, porque senão, era mais um dia sem o corpinho ver água… De resto tudo a andar, já de volta a São Tomé e é interessante que o sentimento é de voltar a casa. Ao chegar e fazer contas percebi, que estou em contagem decrescente e o tempo começa a escassear para os objectivos que ainda me restam concretizar. Claro que se estivesse na Europa, não havia motivos para tal, mas ter que andar com o computador sempre atrás, à caça de um local com energia, é dose. A chuva tem feito companhia e quando cai é mesmo à séria, mas depois vem o calor, que nos deixa com os bafos de fora. No fim-de-semana passado, tive a oportunidade de ver o por do sol na praia, em qualquer lado do mundo é um momento bonito de se ver, por isso, aqui também foi.
No próximo fim de semana, eu e a minha amiga, temos planos de ir até ao ilhéu das Rolas, eu não conheço, gostava de ir à linha do Equador e para além do mais, acho que preciso mesmo de um fim de semana num resort, armada em princesa!
CF

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Quem me Rodeia...

Não seria de todo elegante, não apresentar os que na última semana me têm feito companhia. Afinal vim aterrar numa ilha que não conhecia, e onde era totalmente estranha. Posso para já dizer, que não me tenho sentido só, a não ser que opte, o que também nem sempre é fácil. No local onde estou, vivo eu e outra pessoa (o guia) um português que está longe de Portugal há muitos anos. Está cá a trabalhar há dois meses e parece-me integrado, embora critico. Temos 3 guardas, o jovem de 18 anos, e mais dois, que fazem o período da noite, chegam regularmente atrasados ao seu turno. Penso que após nos irmos deitar, passam a noite toda também a dormir. Cá pelo espaço circulam muitas pessoas durante o dia. Existem as senhoras, que são responsáveis, pela limpeza, cozinha, existem outros tantos homens que são responsáveis pela manutenção, quer do espaço, quer do que o circula. Quanto aos animais convidados, temos o cão, o gato, e no outro dia esqueci-me de falar do Porco. Também cá temos um, e talvez por só o ter ouvido ontem é que me lembrei da sua existência. O que é certo é que a partilha do espaço é feita amigavelmente e com respeito. As outras pessoas, que posso dizer mais chegadas, são os formandos que me ouvem, ou pelo menos, quero acreditar nisso. Hoje antes da formação, fui fazer uma supervisão, a enfermeira que me recebeu, foi muito simpática e para além de me mostrar o local de trabalho, mostrou-me uma vista lindíssima que se tem do Príncipe, bem como uma roça “Estrela Nova” pequena e acolhedora, e as estufas do cacau, ou seja, onde se produz muito do chocolate que chega a Portugal. É o que este projecto tem de bom, para além de trabalhar, tenho a oportunidade de conhecer sítios e pessoas novas. Esta enfermeira e após me convidar para jantar na 6ª feira, fiquei a saber que é casada com uma pessoa importante da ilha. Mais não digo, porque isto é tudo tão pequeno, que rapidamente saberiam de quem estou a falar. O Sr. que ontem me acompanhou durante o dia, hoje logo em cedinho, veio me entregar uma coisa que fiquei em levar para São Tomé, claro que tive que pagar, mas a atenção não se paga. São estas pessoas, animais e gestos, que me fazem sentir em casa!
CF

Imprevistos!!

Antes de vir para terras africanas, os mais próximos e que me conhecem melhor, avisaram-me para não stressar com os imprevistos, e para relaxar. Disse que era isso que ia fazer, mas sem dúvida já posso dizer que o imprevisto reina por estas bandas. Posso delinear o meu dia mentalmente, melhor, o que desejava que acontecesse, mas até hoje, não consegui cumprir nenhum dia planeado. Os imprevistos são uma constante e penso até, que estou a ficar mal habituada, quando eles deixarem de acontecer. Após vários contactos ontem, hoje estava garantido que iria ter datashow na formação. Logo de manhã percebi que ainda não havia, e que se calhar não ia haver, o dono não estava em casa. Como ontem já tinha sido eu a improvisar na formação, pensei, em não deixar as coisas por mãos alheias e decidi contactar o dono do datashow, que me disse, que não havia problema, que já tinha dado a indicação a alguém para mo fazerem chegar. Qual não é o meu espanto quando passadas umas horas, chego a formação e nada. Começo a ferver internamente e decido, não sair de ao pé do responsável até me garantir que o ia buscar, ainda faz uns telefonemas, para ver se em vez de ser ele a ir buscar o podiam trazer e eu a ferver. Após os contactos, percebeu que tinha mesmo que ser ele a ir buscar, lá foi. Mentalmente pensei quanto tempo iria demorar e não mais do que 20 minutos, pois bem, passou quase 40 minutos e lá chegou o datashow. Como aqui é hábito aproveitou e deve ter feito mais umas coisas dele. Liguei tudo, prontinha para começar e desta vez, foi o aparelho que com o fundo azul escuro não permitia a leitura dos slides, resumindo, nada de datashow. Antes de sair, já tratei do assunto para amanhã, não acontecer o mesmo, mas já não digo nada, imaginem que amanhã não há energia…
Gosto de imprevistos e numa ilha em que não estou propriamente rodeada de pessoas amigas e conhecidas, esses imprevistos preenchem o meu dia. Após mais uma manhã de trabalho, e depois de almoço, tinha como planos, comprar os lanches para o dia seguinte e aproveitar a ida, para parar no regresso e ler o meu livro na Baía que rodeia Santo António. Dá-me serenidade, o tempo estava muito bom e parecia-me o plano perfeito para final de tarde. Pois bem, nada disso aconteceu…encontrei na minha ida às compras um Sr. com quem fiquei a falar toda a tarde. Foi comigo às compras, carregou o saco que eu já soava só de pensar em trazer e falamos falamos, diria melhor falou, falou. Até agora acho engraçado, as pessoas são muito curiosas sobre o que a branca anda cá a fazer, então não vão de modas, encontram-me na rua e vão de perguntar, sem qualquer problema em perguntas indiscretas. A melhor conversa que tive até agora foi com um jovem guarda, de 18 anos, que me disse que achava que eu tinha 24 anos, quando lhe disse a minha idade, deu um pulo e começou a gritar, bem a maneira africana. Che…como 34, sem marido e filhos, isso não é possível. Foi nesta altura que me fez cair na real, e pensar como as culturas e hábitos associados, são tão díspares. Mas só mesmo nestes aspectos!!
CF

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Frio Frio…

Não sei bem como começar e tão pouco como passar para palavras o que tenho visto, sentido e vivido no Príncipe. Acordei cedo, como já é hábito, não sei se a osga continua lá, após várias tentativas da encontrar, o guarda desistiu e convenceu-me a desistir. Hoje é feriado em Portugal, mas por aqui trabalha-se. Foi o primeiro dia da formação, e após quase doze horas de ter acordado, parece que passou um camião por cima de mim. Andei outra vez pela cidade, e o clima aqui deixa qualquer um recém chegado de rastos, a humidade é muita (90%), e toda eu transpiro, nunca pensei que tinha tantos poros. Bebe-se muita água, e só há pouco é que o Sol deu da sua graça, porque até então, estava nublado, para sorte dos que têm que andar a pé, como no meu caso. Do local em que estou a dar formação, tenho a minha frente uma paisagem paradisíaca, e em toda a ilha, para onde quer me volte, tudo é lindo.
Não é preciso ir até Bombom, para se poder apreciar o Paraíso. Após o almoço, voltei a dar uma caminhada, e parei a contemplar o mar, e tudo o que me rodeava, é um local que proporciona introspecção, meditação e traz-nos uma tranquilidade infinita. As pessoas são extremamente simpáticas, acolhedoras e prestáveis, mas atenção, neste momento vivem aqui 5 mil pessoas, e só vi até ao momento 6 brancos. Como dou nas vistas por estas bandas, toda a cidade já sabe quem eu sou, o que ando aqui a fazer e onde estou alojada, enfim, aqui a branca não passa despercebida. Agitação por aqui não é coisa que se sinta e até meio da tarde, tudo estava calmo, há pessoas a circular, mas nada de mais, cerca de 15 carros, mais umas tantas motas e daqui a pouco, lá para as 17.00 como diz o guarda, fica frio frio. A primeira vez que ouvi isto, pensei, que exagero, com esta húmida toda, e este calor, como frio, pensei eles não estão mesmo habituados ao frio à séria… mas depois pela continuidade do discurso, percebi que aqui frio frio, significa, sem pessoas e pensei para comigo, mas é possível ainda ver menos gente?! A natureza aqui é quem manda, é o que predomina, é o clima que nos move, são os bichos que estão por todo o lado, são os barulhos durante a noite que nos acompanham nos sonhos, enfim, tenho que me render… estou quase quase no Paraíso.
CF

Chegada ao Príncipe…

Na minha chegada só faltava mesmo cá o Luís Bernardo…para quem leu o Equador, sabe do que estou a falar. Não há nada como não criar expectativas, ou seja, por terras africanas há que não as criar. Posso dizer que aterrei já há algumas horas na ilha do Príncipe e estou deslumbrada. A ilha é linda, selvagem, verde por todo o lado, as nuvens parece que tocam na nossa cabeça. Mal cheguei ao aeroporto e como já tinha a minha boleia combinada esperei por ela, mas se não tivesse não tinha tido qualquer problema em obter uma. Todos os carros
(4) que se encontravam lá, me perguntaram se precisava de boleia para a cidade. Encontro-me em Santo António, capital, e assim que cheguei fui conhecer o meu alojamento, mais do que perfeito, há problemas de energia, mas não de água e aqui a companhia de energia, estabeleceu horário, que ajuda a organizar os habitantes. Temos energia de manhã, das 8 às 13 e da parte da tarde das 17.30 às 23. Assim já sabemos com o que contamos e não somos surpreendidos. Nas mesmas instalações que eu, encontra-se um senhor também em missão, que foi o meu guia durante o dia de hoje. Está cá há 2 meses e já conhece tudo e todos. Decidimos ir almoçar a um local típico, onde esperámos duas horas pelo almoço, mas valeu a pena, delicioso. Decidimos ir visitar a cidade para ajudar a digerir o almoço. O Príncipe está como sempre esteve, o que foi construído e se mantém de pé, excelente, o que caiu caiu e já não se levanta. Posso quase dizer que estou no Paraíso, tudo é pequeno, leve leve, e muito sossegado. Estamos a falar de uma ilha onde vivem 6 mil habitantes. O meu guia para além de tudo tem sentido de humor e pelo que percebi, também gosta de ter caras novas, com quem poder conversar e transmitir o que já foi aprendendo. Já sei localizar o sítio para onde amanhã terei que ir. Como o meu guia diz, ou se gosta e se fica ou não se aguenta estar aqui e quer-se sair o mais depressa possível.
Para já quero ficar, sair também é pensar na avioneta que me trouxe até aqui… que para quem não gosta de voar, de maneira nenhuma é aconselhável, mas a paisagem que se pode contemplar com a chegada ao Príncipe é única, a cor e beleza do mar que contrasta com o verde que está por toda a ilha, compensa.
Ao regressar ao meu alojamento, pude ir a net, e encontro-me a assistir ao telejornal, nada mal, sei que não vai ficar a meio, porque a energia está garantida, só não dá para ver o final do filme da noite, ou seja, podemos começar a ver o filme, mas nunca conseguimos ver o final, é sempre depois das 23h.
Com o cair da noite surgem os nossos amigos que não são convidados, à pouco quando entrei no quarto percebi que lá está uma osga, pensei em pedir ajuda ao guarda, que temos 24 horas, que me respondeu, que não fazem mal, que até é bom, porque mata mosquitos, quando decidi vir pedir-lhe ajuda, dei de caras com um caranguejo grandito, que não saía do meu caminho, aos meus pés agora tenho um gato e mais ao fundo um cão. As formigas por aqui são uma constante, já para não falar das abelhas, que andam por todo o lado… resumindo, só posso dizer que definitivamente terei que dormir, por baixo do mosquiteiro!
CF

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Mais de STP logo Mais de Mim

Não é só África, como país, cheio de curiosidades que muda as pessoas, o clima tropical altera o nosso dia a dia, e as rotinas jamais serão as mesmas. Hoje sai do escritório e chovia bem, ao ponto de ter que vestir um impermeável, agora passadas umas horas, estou em casa, a morrer de calor. Após um convite para jantar com um grupo de pessoal conhecido, optei por ficar em casa, sem energia. Sinto-me cansada fisicamente e psicologicamente, um pouquito. Já passaram algumas semanas da minha chegada e sinto que o cansaço, está a chegar leve leve. Dei conta disso ontem, quando me deitei, dormi que nem uma pedra, e o rato até lá podia ter andado, que eu não dava por isso. Sem dúvida, a responsabilidade, os constrangimentos, as caminhadas, o clima, estão a fazer-se sentir, no meu estar. Contudo amanhã, dia 30 de Setembro, em STP é feriado, não sei ainda porquê, a quem perguntei, não me soube responder e não tive tempo de ir pesquisar, amanhã talvez dê para perceber o porquê. Voltando ao meu serão, decidi ficar em casa à luz de velas, decidi cozinhar pela primeira vez e jantei à luz de velas, na minha companhia. Foi agradável, principalmente porque pude optar. Dei por mim e após jantar a pensar no que fazer, ainda não tenho sono, já li um bocado e dei por mim a pensar na minha vida, no meu futuro, nos meus planos, enfim, em mim. Se calhar se tivesse luz estava a ver a TV e estes pensamentos não se teriam proporcionado, mas foi muito bom que assim tivesse acontecido. África muda-nos por isto, não voltarei a ser a mesma, quando estiver na minha casa a fazer o jantar com muita luz, claro que me lembrarei deste jantar, e perceber que tudo é possível, uns com mais outros com menos. Não querendo escrever frases feitas, a valorização das coisas é totalmente diferente. Há semanas que não uso o multibanco e agora que falo disso, não me lembro do meu código. Para que não acontecesse isso com o pin do telemóvel, registei-o, mas o do multibanco não, é um código que tenho memorizado…ops. Dei no outro dia conta da maravilha que é folhear um jornal, há semanas que não lia um, estou a escutar a chuva tropical que começou a cair em STP. Há maravilhas que não têm preço… Vou ver a chuva!!
CF

STP

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Algumas curiosidades…

Sem dúvida todos os países têm as suas características e curiosidades, STP, esta pequena ilha perdida algures no Atlântico, também tem as suas. A primeira curiosidade que conto tem a ver com a moeda usada, aqui usamos as dobras, para as trocas comerciais, para terem uma ideia, 1 euro= 23.5000 dobras, câmbio actualizado. Isto significa, que quando vou trocar 150€ para dobras, recebo milhões literalmente, é uma questão de fazer contas, mas é mesmo milhões de dobras. A primeira vez que troquei dinheiro e a Sra. me disse que dava x milhões, senti-me rica, quando ouço milhões, lembro-me do euro milhões e só aí é que pensava ser possuidora de milhões. A maioria das coisas em STP são relativamente acessíveis, claro está para quem recebe salário em euros. Aqui sai mais barato comer fora, do que comprar comida para fazer, produtos de higiene, pasta de dentes, medicamentos, é tudo caríssimo, são considerados luxos. Em contrapartida, compro um maço de cigarros, por 40 mil dobras, o que equivale a pouco mais de um 1€ e qualquer coisa. Mais curiosidades… aqui uma palavra que é pouco usada pelos locais e faz-me alguma confusão, é o obrigado, ninguém usa esta palavra, aliás as vezes que a ouço é dita por estrangeiros. Também é prática do país, os estrangeiros terem todos empregadas domésticas, e na maioria estas vão todos os dias limpar a casa, uma empregada de luxo, recebe 50€ por mês, é mais um serviço que compensa ter. Nós porque somos estrangeiras, temos também um guarda, o nosso chama-se Feliz, não sei se é… mas espero que não durma no serviço, trabalha no período da noite e guarda-nos a nós e à casa. Para além do Feliz, temos dois cães, a São e o Grande, esses sim, tenho a certeza que nos guardam, mal ouvem um ruído estranho é ouvi-los ladrar. Aqui os cães são magríssimos, e cheios de pulgas, pelo menos os nossos, que não gostam de tomar banho, mas atenção vivem na rua. Como tinha dito tivemos um rato em casa, que já foi eliminado, passou a ter o nome de falecido, sim, porque temos outro. Este eu já tive o desprazer de ver, pequeno, veloz e o veneno já foi colocado em locais estratégicos, mas também sabemos que ele ainda anda por aqui. Hoje sábado tínhamos decidido ir à praia de manhã, visto que à tarde iríamos estar presentes numa actividade de trabalho, saímos de casa e reparamos que o jipe precisava de combustível, estava na reserva e pelos vistos aqui, reserva é reserva. Fomos à bomba e qual não é o meu espanto, não há combustível na ilha, está se à espera do barco que deve chegar daqui a 1 hora. Quando nos dizem 1 hora, aqui pelo menos equivale a 3, claro com sorte, porque pontualidade não é de maneira nenhuma um forte de STP. Resumindo claro que não deu para ir a praia. Outra das características deste país, tem a ver com o som das buzinas, os condutores passam a vida a buzinar, num país onde até à data só vi duas passadeiras para peões, sem semáforos e com escassos sinais de trânsito, imaginem a selva que não é conduzir aqui. Mas pior do que conduzir é ser-se peão, nunca temos prioridade, se não nos desviamos somos atropelados, enfim, no outro dia fiquei a pensar que a vida humana, aqui vale pouco, quem manda são os automóveis com as suas buzinadelas diárias.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A Praia do Governador

Inicio da 5ª semana

O tempo passa a correr e mesmo aqui sinto o que já algum tempo andava a sentir, o tempo não passa, voa. A falta de entradas no blog, não se deve à falta de novidades diárias, mas sim há falta de tempo. Os dias são preenchidos em grande parte pelo trabalho e pouco fica para o lazer, logo para a escrita. A experiência tem sido única e rica sobretudo em sentires. Os locais, dizem que estou quase uma verdadeira Santomense. Encontro-me na segunda semana de supervisão, ou seja, neste momento estou nos locais de trabalho, a fazer supervisão aos técnicos que receberam formação. Este processo leva-me a ir ao seu encontro, logo tenho percorrido o país, já fui a quatro distritos, de Norte a Sul da ilha. Nada melhor do que trabalhar e conhecer ao mesmo tempo este país, que para mim tem uma beleza única. Nada melhor que estar atenta às conversas e desde o primeiro dia, que comecei a cravar boleias. Percebi que os técnicos vão para o trabalho numa carrinha todos juntos e eu decidi associar-me a eles. Então comecei por perceber os locais de encontro diários, para cada distrito e é ver-me a ir com eles, após uma ida a padaria, comprar o mata bicho. Mais ou menos já me sinto uma cidadã de STP, já conheço as ruas, as pessoas, enfim cá estou eu. O fim-de-semana que passou decidimos ir descansar até à roça do João, mais conhecida por ser a dos Tachos. Choveu em Angolares, mais foi um fim-de-semana tranquilo, com uma paisagem indescritível, até que o carro alugado ficou sem bateria. Nada se grave, têm que existir estas histórias, se não seria tudo sem graça. Esta roça fica para Sul e antes de irmos, fomos até à Praia do Governador, a Norte, onde o calor se fazia sentir e deu para uns mergulhos, haja clima tropical.
Nunca na minha vida vi tanta grávida, a maioria dos testes VIH são realizados a grávidas e tenho acompanhado este processo. O que no inicio me chocou, hoje, já está mais do que ultrapassado… raparigas de 13 anos grávidas, mulheres de 34 na sua oitava gravidez, a mentalidade dos homens, que para se sentirem homens, têm que fazer filhos e mais…para as mulheres o estar grávida é um estado natural. Os homens não permitem que elas façam planeamento familiar, logo se o fazem é às escondidas e como eles não são fieis, os conselheiros dão as mulheres preservativos para estas entregarem aos maridos, para quando eles pularem a cerca. É mesmo outra realidade, ou melhor outra cultura. Hoje num momento de paragem, decidi tirar umas fotografias, até que um grupo de miúdos me começa a gritar branca branca, confesso que esta expressão me começa a irritar, virei-me para os miúdos e disse-lhes “olhem lá o meu nome não é branca é ….” Fugiram com esta minha observação. Eu a querer-me integrar e incluir e eles sempre a despertar me para a diferença. Ora bolas em São Tomé há que ser santomense e olhar sempre para trás para ver se se vê uma cara conhecida a quem se possa cravar uma boleia.
CF

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Crise de Ansiedade!

No domingo acordei ansiosa, não sei se pelo rato, se por estar no PPM, enfim, sentia-me agitada internamente. Fomos até à praia, estava um excelente dia de sol e o mar sem palavras, azul lindo a uma temperatura que não dava tempo para pensar duas vezes até entrarmos. O almoço foi um hambúrguer, há 3 semanas que a única e rara carne que comia era frango, daí o meu estômago ter passado a tarde toda a trabalhar, já nem ele, estava habituado a carne. Descansei e arranjamo-nos, afinal tínhamos um jantar informal com várias pessoas, na casa de um amigo. Posso confidenciar, que uma das convidadas era a Catarina F., foi um jantar agradável e comi mousse, já não via doces também algum tempo. Sem dúvida as coisas aqui, ganham outro valor!
CF

Por aqui é só aventuras!!

Nem sei bem por onde começar, tantas novidades podem acontecer em dois dias, que dizem alguns dias de descanso. Na sexta-feira, de rastos deitamo-nos cedo, mas os planos para sábado eram bons. A manhã estava reservada para as compras, a dispensa estava vazia, e lá fomos, ao mercado e ao supermercado. O almoço foi pesado, na Tia Leo, mas a decisão do digerir com um agradável passeio, fez-nos levantar. O primeiro destino foi a Cascata de São Nicolau, ao deixarmos a cidade para trás a chuva miudinha fez-se sentir e o nevoeiro, cada vez mais cerrado. Cada vez mais próximas, decidimos em determinado momento que era boa ideia, colocar a tracção às rodas, saímos do carro, alteramos o que tinha que ser alterado nas rodas e aí vamos nós. A cascata é bonita, e ainda se tornou mais, com aquele ambiente místico promovido pelas condições climatéricas. Após a visita, descemos até à Roça Monte Café, para além de ser uma das mais conhecidas, também enorme. Fiquei satisfeita por ver que o hospital ainda se encontra em condições dignas de prestar algumas consultas. O resto da roça está entregue a si mesmo, houve trabalho, mas como não havia salário, parou-se o trabalho. Vive uma grande comunidade nesta roça e tivemos um guia que nos foi explicando o que aquela roça foi e porque chegou ao ponto que chegou, mais uma pessoa, que agora designo de biblioteca viva. Nesse final de tarde passamos pela Praia Gamboa e fomos a Missa, muito alegre e dá vontade de ir mais vezes, o único problema, é que as normas para a Gripe A em determinados momentos, ainda não chegou cá a mensagem. Tudo estava a correr bem, até que chegamos a casa e a minha amiga ao entrar no quarto, percebeu que tínhamos um novo hospede lá em casa, um rato. Ficámos surpresas e aterrorizadas, não conseguimos voltar a entrar no quarto e após várias tentativas falhadas, decidimos que o melhor era sair de casa. Jantámos, fomos a um barzinho e depois referi que o que me apetecia era ouvir música europeia. Neste momento a minha amiga fala-me da nova discoteca Beach Club, que ainda não conhecia e único local onde passa este tipo de música. Embora existisse vontade, não estávamos suficientemente bem vestidas para entrar, sem pagar. Tentámos e conseguimos, não estão bem a perceber a minha reacção, estava a entrar no Lux, literalmente, um espaço lindo, boa música e pessoas hiperbemarranjadas… fiquei parva, por um sitio daqueles existir dentro de um contexto como STP, mas nessa noite e após a visita do rato, soube bem este espaço e este momento de dondoca. Bons cadeirões, virados para o mar e por alguns momentos senti-me na Europa.
CF

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

E olha quem entra...

Quando na terra onde tudo pode acontecer, temos um dia em que a partida tudo tem para correr bem, eis que... hoje é sexta feira, último dia da semana e da formação do 2ª grupo. Ok logo pela manhã, bem cedinho tive que fazer uma boa caminhada, com um bafo que só aqui se sente, para tirar umas impressões, ficámos sem tinteiros e para já não havia dobras para comprar mais. Por isso fiz me a estrada, tinha as coisas, mais ou menos organizadas, até que estava muito bem a dar formação, entra a minha colega, e mais quem? perguntam vocês??? era somente a Catarina Furtado, que decidiu vir dar uma vista de olhos pela formação que a ONG onde trabalho, está a promover. Entra a Catarina, entra o camera e nós na nossa formação... filmaram, entrevistaram um dos formandos e eu armada na minha pose hiperprofissional, a fingir que não dava grande importância. Mas estaria a mentir se não dissesse que não fiquei indiferente...após a recolha de imagens, despediu-se de mim com dois beijinhos e um obrigado. Só a conhecia da televisão, sabia-a associada a estas causas sociais, mas até me pareceu bastante simpática, manteve uma postura o mais discreta que a figura dela permite. Após a sua saída, um formando comenta, mas ela hoje não vinha tão bonita como costuma estar na TV (vestidos, saias, hipermaquilhada, cabelo arranjado), a minha resposta foi esta, ah pois não, porque aqui ela não está para dançar, aqui tem mesmo que vir de ténis, afinal estamos no Terreno, aqui as danças são outras! Resumindo, digam-me se esta ilha, nos leva a monotonia, com esta agitação, qualquer dia desejo voltar para Lisboa.
CF

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Não há bela sem senão…

A distância faz-nos sentir, pensar, em coisas, que no nosso mundinho natural jamais nos debruçaríamos. No outro dia dei por mim no banho a pensar se viveria melhor sem água ou sem luz… as duas coisas são imprescindíveis, mas a água ganhou este pensamento. Dei por mim, a sentir uma maior necessidade de ser afectuosa e de receber afecto, não imaginam como me sinto após ouvir a voz de alguém que me telefona. As outras duas mãos no início desta semana ligou, ela queria ouvir a minha voz e eu agradeci por ter tido a possibilidade de ouvir a dela, a melhor comparação é como um bálsamo para a alma. Os dias por aqui passam a correr, o dia começa cedo, mas também termina cedo. Ontem mais um final de dia completamente inesperado, fui visitar um orfanato (penso que o único), estavam lá aproximadamente 30 crianças, em que a mais nova tinha dias e a mais velha 9 anos. Não vos vou descrever o espaço porque não é de todo simpático, mas olhar para aquelas crianças, entregues quase a elas mesmas, fez-me sentir um nó, mas ao mesmo tempo raiva e injustiça, tantas pessoas a quererem dar um lar a uma criança e as burocracias que fazem qualquer um desistir. Estive lá ainda umas duas horas, e sem dúvida, estes ambientes, não me deixam indiferente, vi crianças que simplesmente não sorriem, metemo-nos com elas, brincámos, mas não esboçaram um sorriso. Achei deveras preocupante, mas o que me transtornou mais, foi mesmo um miúdo de 5 anos, virar-se para mim e dizer “leva um menino contigo, olha leva aquele”. Mais do que a sensação de impotência, achei aquela atitude algo de extraordinária, ele não me pediu para o levar a ele, mas sim a um amiguinho ainda bebé.
CF

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A capital...perto do local da formação

Mais um dia...

Primeiro dia de stress em STP, tinhamos combinado que nesta formação não ofericiamos almoço, para além do orçamento ser curto, as pessoas trabalham na cidade logo podiam almoçar onde entendessem, como normalmente. Quero eu dizer a intenção era essa, quando agarro no telefone e ligo a responsável a informá-la, ai credo, como é que não damos almoço, as pessoas já estão a contar, sabem que na semana passada os outros tiveram, bla, bla... deixei da ouvir, fiquei setressada e a pensar que de alguma forma tinhamos que garantir almoço e lanche, para que as pessoas ficassem satisfeitas e a formação corresse normalmente. Para mim, o problema já não era a falta de dinheiro, era mesmo quem ia fazer o almoço, a esta hora. Stressada, a tentar preparar a formação, pastas e afins e ainda o almoço. Passei-me, chateei-me mais sozinha e com o mundo. A formação teve almoço, e para primeiro dia com este grupo correu bem.
Ontem visitei pela primeira vez o médico em STP, não era eu a doente, mas sim a minha amiga, está adoentada e os medicamentos não pareciam fazer efeito. Aguardamos duas horas pelo médico e na sala de espera o passatempo, não é ler revistas, mas sim matar mosquitos, algo sui generis, sempre a ouvir o bater da palmas, e eu a pensar menos um. A nossa outra colega, em perido pré menstrual adora cozinhar, fazer bolos, e nós agradecemos, fez uns pof pof deliciosos e o que sobrou deu para a base da pizza que comemos ao jantar, mais uma vez à luz das velas. Temos aqui um contacto previligiado com a empresa de energia, que nos garantiu que lá para o final de Setembro as coisas vão melhorar a este nível. A mim resta-me esperar muito leve leve, esta terra não é terra de stresses.
CF

Roça Agostinho Neto

Fim-de-semana programado!

O fim de semana começou bem, na 6ª feira ficámos a saber que por no domingo ser o dia das Forças Armadas, na 2ª feira iria ser dada tolerância, logo mais um dia para ficar em casa, ou fazermos o que nos desse na real gana. Contudo e por já há algum tempo o nosso carro andar a fazer uns barulhos estranhos, no sábado ficámos temporariamente sem carro. Mas como era sábado, até soube bem andar a pé, descemos a cidade, tomamos o café da manhã e tudo indicava que íamos ter um dia de muito calor. Após o café fomos ao mercado, conheci pela primeira vez o mercado velho, e tal como o nome indica, mais do que velho é de arrepiar. Os alimentos vendidos no chão, devido às poucas bancadas existentes, águas paradas no meio do mercado, cheiros, à mistura e a náusea mais o calor, fez-nos sair rapidamente dali. Decidimos ir ao mercado novo, que um nadinha melhor, nos possibilitou a compra do primeiro tecido africano, talvez para fazer umas calças e um saco, vamos ver. Também tinha curiosidade e fomos ver o Fardo, venda de roupa em 2ª mão, que com algum tempo e dedicação, até éramos capazes de encontrar alguma coisa de marca. Ainda a pé rumamos até à marginal e contemplamos a paisagem até à hora do almoço. Almocei bem e comi comida da Europa, pizza. Após alguma caminhada, calor e barriga cheia, decidimos ir para casa, o passatempo foi desmanchar as tranças africanas, made in Cabo Verde. Quanto ao final de dia esse foi para esquecer, foi um jantar semi formal, uma seca, para as cá de casa e para além de fazermos sala, fomos todas mordidas enquanto saboreávamos o café. O domingo estava programado, seria de passeio, sair da cidade. Rumamos até ao Norte, e a primeira paragem foi a roça Agostinho Neto, a minha representação mental, era de uma roça grandiosa em tamanho e porque é a maior de STP. É uma pena o estado em que se encontra, não há conservação e as pessoas que lá vivem, já ocuparam a maioria do espaço, estando para breve, a sua destruição total. Resta-me ficar com a imagem de grandiosidade e de que no passado, esta roça deva ter sido um sonho. Fomos a praia das Conchas, semi deserta e deu para os primeiros banhos, o calor, levou-nos a ir almoçar às Santolas e a conhecer a comunidade piscatória. De seguida fomos até à roça Diogo Vaz, que até ao momento é a única que vi, que está a ser reaproveitada, com uma escola Campo para jovens internos e não só. Admirável o esforço e é pena não haver mais assim. De volta a capital, o corpo pedia descanso, e banho, deu para descansar e o banho com um fiozinho, foi o possível. Fazíamos tempo em casa, para o primeiro concerto deste género em STP, íamos assistir ao espectáculo dos Irmãos Verdades, um grupo angolano, que encheu o coliseu dos recreios, segundo uma fonte segura. Foi engraçado, não sabia que algumas das músicas cantadas eram deles e ainda deu para agitar a anca. Sem dúvida um dia em cheio, que me preencheu pelas paisagens maravilhosas que me acompanharam ao longo deste dia.
CF

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

5ª feira em STP

Numa 5ª feira normal em STP, teria como final de dia a passagem obrigatória pelo Café e Companhia, esta noite era reservada para o happy hours. Uso o verbo no passado, porque neste momento o café, mais frequentado por estrangeiros em STP fechou, pensamos que temporariamente, até se encontrar nova gerência. Deixo o convite a candidataram-se à gerência, é o café mais europeu em STP. Tendo em conta que está fechado ao final da tarde, escreve-se nova entrada para o blog. Esta semana foi caracterizada por muito trabalho, de manhã ou vou a reuniões ou preparo a formação, da parte da tarde estou a dar formação. Até ao momento o saldo é positivo, mas isto custa, é duro…estou novamente há dois dias sem banho, e a todo o momento a olhar para o botão da TV que me indica quando temos energia. Já percebi porque é que em África temos a moda de usar lenços na cabeça, não, não é por termos a mania, mas porque passados dois dias sem lavar a cabeça, para além de dar comichões, o teu cabelo tem um aspecto pastoso. Passando adiante, de resto tudo está a correr bem, tenho comido peixe, muita banana e quanto a bebidas, deixei-me da cerveja nacional e passei a beber a boa da coca-cola, mais pelos seus efeitos controladores de intestinos. São exactamente 17.35, e quase noite cerrada, aqui as horas têm que se dizer assim, porque se disser 5.35, pensam que é de madrugada, mesmo verbalmente, enfim há que integrar as normas que agora me regem. Quanto a passeios, nada programado ainda (aqui o ainda sozinho, quer dizer ainda não).
Enfim, aguardo comentários, é bom termos feedback de quem nos lê.
CF

terça-feira, 1 de setembro de 2009

1º dia de formação

Após uma semana em STP, já deu para assimilar algumas coisas, ouvir muitas pessoas e pensar ou fantasiar que este primeiro dia de formação, talvez não fosse tarefa fácil. Como toda a gente ao diferente oferece-se resistência, estava à espera de ser olhada de alto a baixo, a branca que vem ensinar-nos coisas… nada disso, fui muito bem recebida pelo meu primeiro grupo de formação e o dia, correu bem. Embora aqui as coisas se passem de forma diferente, quem vem à formação e neste caso no período da tarde, temos que oferecer almoço e lanche. Quem trabalha no centro e não vem à formação (só para a semana…) também vem buscar o almoço, incrível. Mas o que é certo é que as pessoas de nós não esperam outra coisa, mais as ajudas de custo para as deslocações, visto que vêem de fora do distrito. Há pois, sem estas benesses não há adesão. Bem são formas de funcionar. Estou há uma semana cá, mas só mesmo hoje me senti verdadeiramente a trabalhar, talvez pelo contexto de formação, estar com os técnicos, partilhar experiências profissionais… mas sem dúvida há muita coisa a mudar. A área de formação é VIH, logo o uso do preservativo, mas aqui o lema predominante é que a banana não se come com casca, fiz-me entender  pois mudar comportamentos e mentalidades é o desafio.
Ao sair da formação fiz uma caminhada ainda longa para ir ter com a minha amiga que estava numa reunião, quando vou muito bem a andar, alguém grita pelo meu nome, achei estranho afinal a voz não era conhecida, ao virar-me vejo a Cristina (nossa ex empregada) que me acenava e perguntava se estava tudo bem. Isto para vos contar que me senti mesmo cá, já pertenço aqui, alguém de fora das pessoas do meu círculo, me reconhece nas ruas de STP e grita pelo meu nome. Coisa simples, mas que me fez sentir em casa.

CF

Nem tudo é um estado de graça…

O meu primeiro fim-de-semana em STP começou bem, na sexta fomos jantar a Trindade, a casa do Padre, melhor, um restaurante gerido pela igreja, muito bom, recomendo e de seguida fomos às noites crioulas, animadas e com muita dança. Deitamo-nos mais tarde do que o costume meia-noite. Tínhamos programado ir fazer as compras para a semana no mercado, muita agitação, cor e gente. De seguida participei no programa de rádio, expliquei aos ouvintes o que venho fazer a STP e foi interessante. Não estaria a ser verdadeira se contasse só as coisas boas, confesso que numa visita que fiz esta semana à maternidade que se encontra no hospital central, não me senti muito bem, quase desmaiei, muito calor, falta de ar, pressão a descer e com condições degradantes, não consigo imaginar as mulheres que lá se encontram a dar à luz, num local daqueles. Só para vos dar uma ideia, as mulheres que têm possibilidades, pedem aos familiares para lhes levarem um garrafão de água para poderem tomar banho. Não há água no hospital, e as enfermeiras chamam-nas a uma determinada hora (madrugada) para tomarem banho, caso não vão, depois fecham os chuveiros o resto do dia. Fiquei muito incomodada por ter ouvido estes relatos, por ver a degradação da maternidade… talvez por ser mulher esta realidade incomodou-me de mais, afinal ter um filho deveria ser algo de muito bom, mas nestas condições, não sei se só de pensar em ir para um sitio destes, dá alguma alegria a alguém. Associei as imagens que vi, a um campo de concentração e após esta visita, a minha fome desapareceu, mas mais do que a minha fome, pensei nas injustiças sociais, estar grávida em STP não é de todo um estado de graça.

CF

A Galinha tem que ser mole…

Não consigo resistir a contar-vos a minha aventura de um dos meus almoços. Desde que chegámos ainda não tivemos oportunidade de ir às compras, por isso, as refeições têm sido feitas na rua. Hoje na hora do almoço comentei com a minha amiga que estava cheia de fome, disse-lhe mesmo que queria comer comida europeia, tipo hambúrguer. Descemos a pé até à cidade e ela decidiu que virávamos à direita e procurámos um sítio para comer. No primeiro que encontramos não tinha refeições, continuamos a andar e no próximo havia muita comida. Mal ouvi falar de coxa de galinha, pensei que venha ela. Veio… mas dura dura, que eu já estava a suar só de tentar comer. Não queria desistir à primeira e pedi uma faca que cortasse melhor, passados uns minutos aparece o Sr. com o facalhão da cozinha, o riso foi geral e mesmo assim não deu. Para quem vier a STP quando decidir comer coxa de galinha, tem que obrigatoriamente fazer uma pergunta se é dura ou mole. Muito importante mesmo fazer esta pergunta, porque já voltei a comer coxa de galinha mole e é maravilhosa.

CF

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

2º DIA

Antes de mais não vou prometer a actualização diária do blog, porque aqui, isso é muito difícil. Ontem às 17.30 ficámos sem luz, logo sem água, e aqui as 18.00 é noite cerrada. Algumas das coisas que pensava fazer ficaram sem efeito… ontem e após uma conversa à luz de velas, fomo-nos deitar, com a ajuda de uma lanterna que será a minha nova amiga e precisava mesmo de carregar o telemóvel. Optei por o deixar na ficha, caso durante a noite a luz voltasse. Sei que voltou, não sei por quanto tempo, mas o telemóvel ficou carregado (vai sair daqui completamente viciado, espero que só ele  ). Só sei é que hoje às 8.30 tinha a minha primeira reunião com pessoas de fora e a minha amiga disse-me para hoje nos vestirmos melhor, ou seja, menos praia. Quando acordei, mais ou menos as 6.30, dei conta que não havia novamente luz, logo água, logo vestir bem para a reunião, sem banho. Nada de novo. Mas as 7.30 a técnica ligou-nos a passar a reunião para amanhã, talvez haja água e dê para ir com banho tomado.
De resto tudo a andar, a Net lenta lenta, mas a envolvência vale tudo isto. Ponto de situação, em STP são 12.09 e continuamos sem luz, trabalhamos porque temos geradores, mas para alguns há mais de 12 horas que estão sem luz e água.

CF

1º DIA em STP

Conforme prometido e já directamente de STP, só posso dizer que para já, está bom... ontem aterrei de madrugada, mas fisicamente só ao final do dia é que me senti cá. Chegar de madrugada a um novo país, é cansativo. Não havia sol, mas muita humidade. Mas o que é certo é que desta vez não senti o bafo e não fiz uso do leque. Passei o dia de ontem a digerir as emoções, lágrimas da despedida, e o reencontro da amiga que não via há meses. As pessoas receberam me muito bem, e até já tinha cartão de telemóvel à minha espera. Só ontem é que reparei na coincidência, fez exactamente ontem um ano e quatro meses que tinha aterrado pela primeira vez em STP. Passou este tempo todo, mas mal entrei no carro, tive a sensação que tinha acabado de sair daqui ontem… nada mudou. Neste momento e para não me alongar, só posso dizer que esta terra se caracteriza pelos cheiros, pelo verde húmido, pelas gentes simpáticas e pelo nascer de mais um dia, aqui em STP é por volta das 5.00. Envio uma foto da paisagem que tenho do escritório…onde me encontro a trabalhar.
CF



segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Até breve...

Ontem fui despedir-me das outras duas mãos...
Foi um misto de sentimentos...
Senti-me vazia, angustiada e já com saudades (foi uma noite complicada), ao mesmo tempo... feliz por ela, um sonho tornado realidade e concerteza uma experiência única que só poderá ser positiva...
Quando a deixei e entrei no carro, liguei o rádio e tocava "I Can See Clearly Now..." de imediato pensei : Isto é um bom prenúncio!!! (ver post de 26/03)
E, momentaneamente, dei por mim a sorrir...
Até daqui a umas semanas, minha querida amiga...
R

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Quase Quase...

Pois é mais do que em contagem decrescente é o último post que escrevo em PT o próximo será em STP (assim o espero :)).
Mantenham-se atentos, que eu vou actualizar o blog regularmente.
Fiquem bem e eu vou "ser feliz"!!
CF

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Em contagem decrescente...

Isto das partidas não é coisa fácil e muito menos leve, quando começamos a tomar consciência que daqui a 8 dias, já estarei longe de casa, da familia, dos amigos, parece que o coração aperta. Quando nos começamos a despedir das pessoas que só iremos ver daqui a 2 meses e meio, deixa a sensação de saudade. Quando começamos a trabalhar à distância, ou seja, a preparar o trabalho que irei desenvolver em STP e a viver a distância, faz-me sentir já lá, logo longe... No sábado passado, comi costoleta de novilho, afinal o que vai predominar no meu destino é peixe, e não há nada como carregar o estômago e os olhos destas imagens que durante algum tempo não irão passar pelas minhas vistas. Ao estar a viver tudo isto, mais admiro as pessoas que fazem as malas para uma ida sem regresso agendado!! Tenho mesmo que aproveitar até ao último dia.
CF

sábado, 8 de agosto de 2009

De Partida...

Embora sendo filha única, sempre tive a sensação que as coisas na minha vida nunca foram facilitadas... de forma a não ser injusta passarei a explicar o que quero dizer com isto. Para ter algumas coisas na vida, tive que lutar bastante, mesmo muito para as alcançar. Comparativamente com outras pessoas que pouco fazem e que as coisas como que lhe aparecem caídas do céu, eu não sou dessas sortudas. Antes de ter algo que quero muito, tenho que lutar, conquistar, dar provas que mereço, enfim, todas essas coisas que alguns sabemos. Desta vez o mesmo se passou...só há pouco tempo é que tive a data confirmada de partida para STP. Primeiro ia, depois já não se sabia, depois havia o plano A, B, e C e eu a ver a minha vida na corda. Pois bem, passados estes contratempos, no dia 23 de madrugada irei para STP, mais do que uma viagem, será a concretização de um sonho adiado. Vou trabalhar em África, embora por um curto periodo de tempo, vou ter essa possibilidade. Voltar a um local onde já estive, que adorei e que até hoje faz parte das minhas memórias. Juntando a tudo isto, ir fazer uma coisa da minha área profissional num tema que é do meu agrado, penso que tudo está reunido para que as coisas corram pelo melhor. Já me sinto com um pé lá, viajar para África implica alguns preparativos, que não passam somente pela compra de um bilhete low cost, em que agarro na mala e vou. Há que comprar medicamentos para levar, consulta, vacinas, profilaxia e pensar nos imprevistos, que têm que ser previstos :) pq lá não existem grandes superficies, em que quando acaba algo, podemos ir comprar. Não estou ansiosa, estou sobretudo expectante e a realizar as diligências indispensáveis para a concretização do sonho. E como alguém me disse da outra vez que estive em STP, se gostaste vais voltar... E EU VOU MESMO!!
CF

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Regresso de férias

Já se passaram as minhas primeiras férias…deram para descansar e arrumar algumas ideias …
Quanto a novidades…há algumas…mas mais importantes são:
1) As outras duas mãos vão deixar-nos por uns tempos… (fico triste pela ausência física, mas ao mesmo tempo feliz… por ela)
2) Em consequência da anterior, já não irei visitar a minha Amiga aos States…o que me entristece, não pela viagem em si…mas pelo que significa… (o adiar do reencontro e da possibilidade de “matar saudades”, que já são muitas!)
3) A perda de um familiar…que não sendo muito próximo em termos de relação, era alguém que eu admirava…e que me faz repensar a vida e a forma como tenho ou não usufruído dela...
4) E, finalmente um domingo à tarde, em que num encontro comigo mesma, ao som de Hallelujah – Leonard Cohen, decidi tentar mudar de vida…
R

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Pensamentos

Acabei de ter uma conversa on line com uma amiga que está a trabalhar em STP e fiquei a pensar numa coisa da qual não me consegui abstrair. Depois de alguns minutos de conversa, vira-se para mim e diz "sabes morreu o nosso informático" eu: "de quê?", ela: "de uma amigdalite"; eu:"ninguém morre de uma amigdalite"; ela: "aqui os meios de realizar diagnósticos correctos são insuficientes". Porra, e desculpem-me a expressão, se não diagnosticam amigdalites...o que será que diagnosticam?
Fiquei a pensar...
CF

Pensamentos em "Voz Alta"

Estou com a nítida sensação que tenho de dar uma volta à minha vida…e que o tenho de fazer rapidamente….
Sinto-me tipo a olhar para uma ampulheta…em que o tempo escasseia…e em que eu sei que tenho de reagir…mas não sei para onde…se branco se preto…
Já tive esta sensação várias vezes antes, mas desta vez…é mais forte, mais pesada e quase cortante…e mesmo sentindo tudo isto…continuo mais ou menos parada sem saber, se para a direita se para esquerda…
No fundo, eu sei o caminho…mas sinceramente tenho medo…tenho medo de arriscar…medo da mudança…medo do desconhecido….de deixar de saber com o que conto e com o que não conto…
mas manter-me quieta, como se observasse a minha vida “de fora” está a tornar-se insuportável… estou a chegar ao meu cruzamento….
Volta de 150º… PRECISA-SE… (Humildades à parte…pelo menos 30º de jeito, eu acho que tenho!!!)
Ou então...alguém que "em terra" faça o favor de soltar as amarras...para que eu possa ir...(provavelmente ao sabor do vento!)

R

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Não há almoços grátis…

Não há almoços grátis…
Este é um dos princípios basilares da Economia…e também da vida quotidiana…
Em Economia e resumidamente significa que qualquer opção tomada tem um custo de oportunidade, ou seja… optar por X, implica sacrificar Y ou perder a oportunidade Y…
Também na vida quotidiana…uma determinada opção tem custos…mais que não seja as restantes opções que não se tomaram…
Assim sendo…se a opção tomada for boa…facilmente nos esquecemos das opções que sacrificámos…
Se a opção for menos boa…para não dizer, péssima...temos dois problemas: lidar com as consequências dessa opção/decisão e lidar com o facto de não termos escolhidas as outras opções disponíveis (e cujo timing entretanto passou...)
Assim a única coisa que nos vale… é que podemos almoçar todos os dias (à borla ou nem por isso)!!!
R

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Cena Feia

Hoje ao chegar à garagem onde diariamente arrumo o carro, e talvez por cansaço e distração dei um toque no carro da vizinha. Cena má, quando sai do carro estava decidida a ir falar com a vizinha para a avisar do sucedido. Depois discretamente fui ver o carro dela para ver se havia vestigios do toque, tive mesmo que ser discreta, porque a porteira andava a arrumar lá umas coisas, mas penso que ela não ouviu o toque. Vi que estava lá um risquinho e para variar no meu não ficou nada, o meu carro é um durão. Claro que vim para casa, mas sempre a pensar naquilo e se havia de ir ou não falar com a vizinha. Não é que dei por mim a ir à garagem para apagar ou pelo menos tentar apagar os vestigios. Ficou melhor, mas não invisivel e definitivamente não vou falar com a vizinha. Ela é daquelas que só tira o carro da garagem uma a duas vezes por mês, ou seja, não lhe dá uso e também já não é novo, isto porque deve ser daquelas piquinhas com o carro e se lhe vou dizer que lhe dei um beijinho ainda me apresenta um orçamento que dá para comprar um carro novo.
Sei que não é bonita a atitude, já me martirizei com isso, mas também me vai custar desembolsar dinheiro sem necessidade. Foi só um beijinho!!
CF

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Crise económica/crise existencial

Andámos durante não sei quanto tempo a ouvir falar da crise, ora mundial, ora nacional, mas o que é certo é que cada vez mais a crise não é só a falta de dinheiro na carteira... aliás até me atrevia a dizer que é quase tudo, menos isso. A crise existencial e aqui falo de falta de valores, de estupidez generalizada, da falta de civismo, porque agora td parece desculpável, afinal é a crise. Penso que a crise anda a servir de chapéu para muita coisa, vamos lá é abrir a pestana, acordar para a vida e tornarmo-nos verdadeiros homens à séria!!
CF

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Não quero ouvir mais nada...

No outro dia li num blog a falar de um assunto sobre o qual hoje pensei em vários momentos do dia. Nunca vos aconteceu estarem num sitio onde pensam, o que estou aqui a fazer... onde as pessoas falam pq se gostam de ouvir e nunca se questionam se os outros a querem ouvir... pois bem, hoje eu senti isso e muito mais. Nas minhas fantasias, dei por mim, a colocar balões de fala às pessoas, e a apetecer-me gritar muito alto "pq n se calam?". Bem isto tb me soa a familiar, versão portuguesa, claro está. Não sei se os meus ouvidos estão menos tolarantes, ou ultimamente tenho esta sensação... as pessoas falam e falam, mais para se ouvirem, do que para o outro que têm em frente. O que me faz pensar que existem duas opções: 1. as pessoas podem sp falar sozinhas; 2. pq não estar com outra pessoa e às vezes deixar o silêncio "falar" mais alto. Não há problema estarmos com outra pessoa e de vez em quando pararmos para reflectir e calarmo-nos. Isto é que é gente que gosta de falar... mas ir ao psicólogo que é bom, ninguém vai!! O silêncio tb é bem vindo, ok?
CF

Desabafo

Ontem em conversa com um colega sobre a crise económica mundial e nacional...e mais precisamente nos cortes orçamentais previstos para a nossa área de trabalho e que vão implicar a não possibilidade de recrutar novas pessoas para substituir as que entretanto se reformaram...chegámos a conclusão que teria de acontecer uma redistribuição de trabalho e obviamente do acumular de funções às já detidas...
A esta conclusão, o meu colega respondeu: " tudo bem... desde que para o bem comum e na prossecução do interesse público”, o que eu confirmei.
Mais tarde, nesse dia… eis que me diz: “ Epá, vou-me embora, o resto fica para amanhã ou os outros que façam…”, e eu engoli em seco e murmurei…”Até amanhã!”… e fiquei a pensar…
Bem comum? Prossecução do interesse público?
Comum a ele, só se for… e quanto ao interesse, talvez só o dele mesmo…
R

quarta-feira, 25 de março de 2009

Amanhã é Amanhã

Amanhã é um dia para mim importante pelo menso há 34 anos que sinto que neste dia, as pessoas têm uma atenção especial para mim. É verdade amanhã já tenho 34 anos e como tem sido bom estar na casa dos 30... Até ao final da minha adolescência não gostava nada de fazer anos, aquele dia em que era o centro das atenções e com o qual não lidava muito bem, ou melhor, não sabia lidar. Após essa fase, adoro este dia, faz-me sentir bem, estar bem disposta e a festejar a vida. Não me importo por estar mais velha um ano, festejo sobretudo o facto de estar VIVA. Hoje quando sai do trabalho, apeteceu-me ir comprar uma roupa gira para vestir amanhã, mas por incrivel que pareça, as roupas das lojas, todas elas ainda com ar de Inverno, sem cores alegres, mas lá tive sorte e encontrei uma coisa que tem a minha cara e é cor de rosa, vamos alegrar-nos.
Hoje em conversa com alguns colegas que sabem que faço anos no dia 26 de Março e logo que sou do signo Carneiro, começaram uma conversa à volta das características deste signo, o que me fez pensar, que só podia ter nascido no dia de Amanhã!!
Até breve,
CF

quarta-feira, 18 de março de 2009

Dia do Pai

Amanhã é dia do Pai, e pensei em escrever sobre isso, porque olhando para trás, o nosso blog, nunca tocou em temas de familia (com excepção dos amigos, que nalguns casos, são tão importantes, como a pp). O meu pai ontem fez 66 anos, e tb ontem olhei para ele mais a sério, a idade reflecte-se nas rugas, no cabelo quase branco na sua totalidade...mas há coisas que desde pequena que sempre vi, a honestidade, o carinho, o orgulho que sempre depositou em mim, e as nossas discórdias em determinados momentos, por ele ser uma pessoa mais crente no ser humano, que eu. O meu pai, sem duvida foi a minha referência masculina desde que me conheço, adoro-o, embora tenha falta de frontalidade para lho dizer na maioria das vezes, deixando passar esse sentimento por gestos e atitudes. Quando somos crianças e mm adolescentes, parece que não damos tanta importância e significado às figuras parentais. Mas a idade trás-nos destas coisas, ficamos mais atentos ao que nos dizem, afinal têm mais experiência que nós, mas sobretudo ao que nos trasmitem (emoções e afectos). Sinto-me muito feliz por ter o meu Pai junto de mim e poder usufruir com ele momentos tão bons, felizes, que trago comigo diariamente. O meu muito obrigado por tudo o que o meu Pai fez, faz e fará por mim!
CF

terça-feira, 17 de março de 2009

Hoje

Achei que deveria escrever qualquer coisa no dia de hoje…pelo simples facto de ser HOJE!
Mais uma data…significativa …. Mais um ano que passou sobre ela…
Engraçado como determinadas atitudes, opções e até acasos ditam uma vida…ou várias… ficando sempre a eterna dúvida: “ e se eu não tivesse feito ou escolhido desta forma, teria a minha vida sido diferente?
O que me leva a pensar...
Será a nossa vida, o resultado das opções tomadas?
Será um misto de opções e oportunidades, timings…tipo “estar no sítio certo á hora certa” ou errada? Ou a tudo isto, há que somar o factor Destino?
Uma amiga minha costuma dizer que viver é desenhar sem borracha… (o que eu concordo) … já outra (a C.) diz “não faças planos para a vida… deixa que a vida te mostre os planos que tem para ti”…. (o que ás vezes, também me parece ser verdade…)
Enfim…mais uma dúvida existencial!
R

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Principios até quando?!

Fiquei a pensar desde 6ª feira passada na palavra PRINCIPIOS/VALORES, quem tem, quem não tem, e quem vive bem ou mal com eles. Somos rapidos a julgar e criticar alguns principios ou mm a ausência deles... mas pensando bem, mesmo aqueles que os têm e que acreditam viamente nos seus, quantas vezes pensaram em quebra-los e o fizeram e os outros que ficaram só no pensar e que nunca o fizeram... penso que esta questão como muitas outras, que tocam nas nossas moralidades, são fáceis de pisar o risco. Parece fácil, num momento estamos de um lado e no segundo seguinte noutro. Valerá a esperiência de quebrar? Poderei dizer que nalguns casos sim, noutros jamais e no gozo que dá os segundos em que nos encontramos no limiar, da passagem de uma face para a outra da moeda. Há valores e principios em que acreditamos tanto, que jamais pensariamos em não os seguir, mas há outros com bases menos sólidas e com algum jeitinho facilmente transpomos. Não sei se é das noticias, da crise, da situação em que se vive, mas parece-me que os que se ausentam de valores e principios, conseguem ser na maioria das vezes mais felizes e despreocupados. Ou será tudo isto uma ilusão... o facto de sermos fieis aos nossos, é que nos faz sentir bem, no papel que temos neste percurso.

Uma reflexão!!
CF