quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Não há bela sem senão…

A distância faz-nos sentir, pensar, em coisas, que no nosso mundinho natural jamais nos debruçaríamos. No outro dia dei por mim no banho a pensar se viveria melhor sem água ou sem luz… as duas coisas são imprescindíveis, mas a água ganhou este pensamento. Dei por mim, a sentir uma maior necessidade de ser afectuosa e de receber afecto, não imaginam como me sinto após ouvir a voz de alguém que me telefona. As outras duas mãos no início desta semana ligou, ela queria ouvir a minha voz e eu agradeci por ter tido a possibilidade de ouvir a dela, a melhor comparação é como um bálsamo para a alma. Os dias por aqui passam a correr, o dia começa cedo, mas também termina cedo. Ontem mais um final de dia completamente inesperado, fui visitar um orfanato (penso que o único), estavam lá aproximadamente 30 crianças, em que a mais nova tinha dias e a mais velha 9 anos. Não vos vou descrever o espaço porque não é de todo simpático, mas olhar para aquelas crianças, entregues quase a elas mesmas, fez-me sentir um nó, mas ao mesmo tempo raiva e injustiça, tantas pessoas a quererem dar um lar a uma criança e as burocracias que fazem qualquer um desistir. Estive lá ainda umas duas horas, e sem dúvida, estes ambientes, não me deixam indiferente, vi crianças que simplesmente não sorriem, metemo-nos com elas, brincámos, mas não esboçaram um sorriso. Achei deveras preocupante, mas o que me transtornou mais, foi mesmo um miúdo de 5 anos, virar-se para mim e dizer “leva um menino contigo, olha leva aquele”. Mais do que a sensação de impotência, achei aquela atitude algo de extraordinária, ele não me pediu para o levar a ele, mas sim a um amiguinho ainda bebé.
CF

Um comentário:

Anônimo disse...

Querida Carla
Que arrepiu, não tenho palavras, existem sentimentos que não sei exprimir.bjs e mts saudades
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