quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Incrível ...

Pois bem, passado uns meses de estar em STP, hoje pela primeira vez, tive net sem stresses de maior. Deu para trabalhar, para receber e enviar mails, em tempo útil e melhor sem quebras de energia e receios que esta se vá. O tempo passa, e os sentimentos são diversos, ainda ontem parece que começou a semana e já estamos quase no final da mesma. A seguir a esta só faltam mais duas e aqui vou eu. Quando penso nisso, automaticamente quero deixar de pensar, o que me tem guiado até aqui, é levar o dia a dia, ser surpreendida com os imprevistos, gerir os constrangimentos e aproveitar as oportunidades. Penso que é o lema que tentarei manter até ao dia da minha partida. Hoje à hora do almoço, tentei fazer uma lista de recuerdos que gostava de levar para algumas pessoas, e aí dei-me conta que realmente o tempo passou e saudades de quem está longe. É um misto de sentimentos, é bom voltar para ao pé de quem gostamos e queremos abraçar, mas também é bom estar cá, enfim... penso que não me consigo explicar melhor. Sou bem tratada aqui, gosto de tudo, e estou a adorar o que estou a fazer, por isso, também não queria ir já, se calhar :) bem mas tudo tem o seu tempo e vou aproveitar enquanto estou por cá e manter a par quem está por ai.
CF

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Rolas...

O Melhor Também!!

O fim de semana de princesa já passou, mas sem dúvida foi mesmo à grande, tive direito a tudo. As Rolas é um local a visitar, é o Paraiso, dos Paraisos. A paisagem é deslumbrante, o sitio calmo, a praia magnifica, a piscina deslumbrante, e o melhor sempre com água e luz. Tive direito a assisitir a TV com mais do que dois canais, a uma big cama, a um colchão maravilhoso, enfim, fui uma lorde, como já merecia. Para terminar acabei por descobrir que por engano tivemos direito a uma suite, em vez de quarto duplo, logo a vista que tinhamos do quarto era linda, linda. O pior foi mesmo sair do paraiso e voltar ao dia a dia. Mas sem dúvida que deu para recarregar baterias e suportar a chuva que se tem sentido nestes dias. O tempo já está em contagem decrescente e aproveitar ao máximo, é o LEMA.
CF

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O pior é sempre possível…

Pois é, aqui está uma bela verdade, quando pensávamos que já era mau, o pior estava para vir. No domingo passado, houve um incêndio na EMAE, responsável pela distribuição de energia no País, e o que aconteceu, é que ficámos sem dois geradores, dos poucos que há. Perguntam vocês e qual é a consequência directa? Deixamos de ter luz e água, por períodos superiores a 12 horas, ou seja, actualmente estamos com uma média diária de 4 horas de energia, tendo em conta que esta geralmente vem de madrugada. Muito bom. Hoje o banho foi com copo, porque senão, era mais um dia sem o corpinho ver água… De resto tudo a andar, já de volta a São Tomé e é interessante que o sentimento é de voltar a casa. Ao chegar e fazer contas percebi, que estou em contagem decrescente e o tempo começa a escassear para os objectivos que ainda me restam concretizar. Claro que se estivesse na Europa, não havia motivos para tal, mas ter que andar com o computador sempre atrás, à caça de um local com energia, é dose. A chuva tem feito companhia e quando cai é mesmo à séria, mas depois vem o calor, que nos deixa com os bafos de fora. No fim-de-semana passado, tive a oportunidade de ver o por do sol na praia, em qualquer lado do mundo é um momento bonito de se ver, por isso, aqui também foi.
No próximo fim de semana, eu e a minha amiga, temos planos de ir até ao ilhéu das Rolas, eu não conheço, gostava de ir à linha do Equador e para além do mais, acho que preciso mesmo de um fim de semana num resort, armada em princesa!
CF

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Quem me Rodeia...

Não seria de todo elegante, não apresentar os que na última semana me têm feito companhia. Afinal vim aterrar numa ilha que não conhecia, e onde era totalmente estranha. Posso para já dizer, que não me tenho sentido só, a não ser que opte, o que também nem sempre é fácil. No local onde estou, vivo eu e outra pessoa (o guia) um português que está longe de Portugal há muitos anos. Está cá a trabalhar há dois meses e parece-me integrado, embora critico. Temos 3 guardas, o jovem de 18 anos, e mais dois, que fazem o período da noite, chegam regularmente atrasados ao seu turno. Penso que após nos irmos deitar, passam a noite toda também a dormir. Cá pelo espaço circulam muitas pessoas durante o dia. Existem as senhoras, que são responsáveis, pela limpeza, cozinha, existem outros tantos homens que são responsáveis pela manutenção, quer do espaço, quer do que o circula. Quanto aos animais convidados, temos o cão, o gato, e no outro dia esqueci-me de falar do Porco. Também cá temos um, e talvez por só o ter ouvido ontem é que me lembrei da sua existência. O que é certo é que a partilha do espaço é feita amigavelmente e com respeito. As outras pessoas, que posso dizer mais chegadas, são os formandos que me ouvem, ou pelo menos, quero acreditar nisso. Hoje antes da formação, fui fazer uma supervisão, a enfermeira que me recebeu, foi muito simpática e para além de me mostrar o local de trabalho, mostrou-me uma vista lindíssima que se tem do Príncipe, bem como uma roça “Estrela Nova” pequena e acolhedora, e as estufas do cacau, ou seja, onde se produz muito do chocolate que chega a Portugal. É o que este projecto tem de bom, para além de trabalhar, tenho a oportunidade de conhecer sítios e pessoas novas. Esta enfermeira e após me convidar para jantar na 6ª feira, fiquei a saber que é casada com uma pessoa importante da ilha. Mais não digo, porque isto é tudo tão pequeno, que rapidamente saberiam de quem estou a falar. O Sr. que ontem me acompanhou durante o dia, hoje logo em cedinho, veio me entregar uma coisa que fiquei em levar para São Tomé, claro que tive que pagar, mas a atenção não se paga. São estas pessoas, animais e gestos, que me fazem sentir em casa!
CF

Imprevistos!!

Antes de vir para terras africanas, os mais próximos e que me conhecem melhor, avisaram-me para não stressar com os imprevistos, e para relaxar. Disse que era isso que ia fazer, mas sem dúvida já posso dizer que o imprevisto reina por estas bandas. Posso delinear o meu dia mentalmente, melhor, o que desejava que acontecesse, mas até hoje, não consegui cumprir nenhum dia planeado. Os imprevistos são uma constante e penso até, que estou a ficar mal habituada, quando eles deixarem de acontecer. Após vários contactos ontem, hoje estava garantido que iria ter datashow na formação. Logo de manhã percebi que ainda não havia, e que se calhar não ia haver, o dono não estava em casa. Como ontem já tinha sido eu a improvisar na formação, pensei, em não deixar as coisas por mãos alheias e decidi contactar o dono do datashow, que me disse, que não havia problema, que já tinha dado a indicação a alguém para mo fazerem chegar. Qual não é o meu espanto quando passadas umas horas, chego a formação e nada. Começo a ferver internamente e decido, não sair de ao pé do responsável até me garantir que o ia buscar, ainda faz uns telefonemas, para ver se em vez de ser ele a ir buscar o podiam trazer e eu a ferver. Após os contactos, percebeu que tinha mesmo que ser ele a ir buscar, lá foi. Mentalmente pensei quanto tempo iria demorar e não mais do que 20 minutos, pois bem, passou quase 40 minutos e lá chegou o datashow. Como aqui é hábito aproveitou e deve ter feito mais umas coisas dele. Liguei tudo, prontinha para começar e desta vez, foi o aparelho que com o fundo azul escuro não permitia a leitura dos slides, resumindo, nada de datashow. Antes de sair, já tratei do assunto para amanhã, não acontecer o mesmo, mas já não digo nada, imaginem que amanhã não há energia…
Gosto de imprevistos e numa ilha em que não estou propriamente rodeada de pessoas amigas e conhecidas, esses imprevistos preenchem o meu dia. Após mais uma manhã de trabalho, e depois de almoço, tinha como planos, comprar os lanches para o dia seguinte e aproveitar a ida, para parar no regresso e ler o meu livro na Baía que rodeia Santo António. Dá-me serenidade, o tempo estava muito bom e parecia-me o plano perfeito para final de tarde. Pois bem, nada disso aconteceu…encontrei na minha ida às compras um Sr. com quem fiquei a falar toda a tarde. Foi comigo às compras, carregou o saco que eu já soava só de pensar em trazer e falamos falamos, diria melhor falou, falou. Até agora acho engraçado, as pessoas são muito curiosas sobre o que a branca anda cá a fazer, então não vão de modas, encontram-me na rua e vão de perguntar, sem qualquer problema em perguntas indiscretas. A melhor conversa que tive até agora foi com um jovem guarda, de 18 anos, que me disse que achava que eu tinha 24 anos, quando lhe disse a minha idade, deu um pulo e começou a gritar, bem a maneira africana. Che…como 34, sem marido e filhos, isso não é possível. Foi nesta altura que me fez cair na real, e pensar como as culturas e hábitos associados, são tão díspares. Mas só mesmo nestes aspectos!!
CF

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Frio Frio…

Não sei bem como começar e tão pouco como passar para palavras o que tenho visto, sentido e vivido no Príncipe. Acordei cedo, como já é hábito, não sei se a osga continua lá, após várias tentativas da encontrar, o guarda desistiu e convenceu-me a desistir. Hoje é feriado em Portugal, mas por aqui trabalha-se. Foi o primeiro dia da formação, e após quase doze horas de ter acordado, parece que passou um camião por cima de mim. Andei outra vez pela cidade, e o clima aqui deixa qualquer um recém chegado de rastos, a humidade é muita (90%), e toda eu transpiro, nunca pensei que tinha tantos poros. Bebe-se muita água, e só há pouco é que o Sol deu da sua graça, porque até então, estava nublado, para sorte dos que têm que andar a pé, como no meu caso. Do local em que estou a dar formação, tenho a minha frente uma paisagem paradisíaca, e em toda a ilha, para onde quer me volte, tudo é lindo.
Não é preciso ir até Bombom, para se poder apreciar o Paraíso. Após o almoço, voltei a dar uma caminhada, e parei a contemplar o mar, e tudo o que me rodeava, é um local que proporciona introspecção, meditação e traz-nos uma tranquilidade infinita. As pessoas são extremamente simpáticas, acolhedoras e prestáveis, mas atenção, neste momento vivem aqui 5 mil pessoas, e só vi até ao momento 6 brancos. Como dou nas vistas por estas bandas, toda a cidade já sabe quem eu sou, o que ando aqui a fazer e onde estou alojada, enfim, aqui a branca não passa despercebida. Agitação por aqui não é coisa que se sinta e até meio da tarde, tudo estava calmo, há pessoas a circular, mas nada de mais, cerca de 15 carros, mais umas tantas motas e daqui a pouco, lá para as 17.00 como diz o guarda, fica frio frio. A primeira vez que ouvi isto, pensei, que exagero, com esta húmida toda, e este calor, como frio, pensei eles não estão mesmo habituados ao frio à séria… mas depois pela continuidade do discurso, percebi que aqui frio frio, significa, sem pessoas e pensei para comigo, mas é possível ainda ver menos gente?! A natureza aqui é quem manda, é o que predomina, é o clima que nos move, são os bichos que estão por todo o lado, são os barulhos durante a noite que nos acompanham nos sonhos, enfim, tenho que me render… estou quase quase no Paraíso.
CF

Chegada ao Príncipe…

Na minha chegada só faltava mesmo cá o Luís Bernardo…para quem leu o Equador, sabe do que estou a falar. Não há nada como não criar expectativas, ou seja, por terras africanas há que não as criar. Posso dizer que aterrei já há algumas horas na ilha do Príncipe e estou deslumbrada. A ilha é linda, selvagem, verde por todo o lado, as nuvens parece que tocam na nossa cabeça. Mal cheguei ao aeroporto e como já tinha a minha boleia combinada esperei por ela, mas se não tivesse não tinha tido qualquer problema em obter uma. Todos os carros
(4) que se encontravam lá, me perguntaram se precisava de boleia para a cidade. Encontro-me em Santo António, capital, e assim que cheguei fui conhecer o meu alojamento, mais do que perfeito, há problemas de energia, mas não de água e aqui a companhia de energia, estabeleceu horário, que ajuda a organizar os habitantes. Temos energia de manhã, das 8 às 13 e da parte da tarde das 17.30 às 23. Assim já sabemos com o que contamos e não somos surpreendidos. Nas mesmas instalações que eu, encontra-se um senhor também em missão, que foi o meu guia durante o dia de hoje. Está cá há 2 meses e já conhece tudo e todos. Decidimos ir almoçar a um local típico, onde esperámos duas horas pelo almoço, mas valeu a pena, delicioso. Decidimos ir visitar a cidade para ajudar a digerir o almoço. O Príncipe está como sempre esteve, o que foi construído e se mantém de pé, excelente, o que caiu caiu e já não se levanta. Posso quase dizer que estou no Paraíso, tudo é pequeno, leve leve, e muito sossegado. Estamos a falar de uma ilha onde vivem 6 mil habitantes. O meu guia para além de tudo tem sentido de humor e pelo que percebi, também gosta de ter caras novas, com quem poder conversar e transmitir o que já foi aprendendo. Já sei localizar o sítio para onde amanhã terei que ir. Como o meu guia diz, ou se gosta e se fica ou não se aguenta estar aqui e quer-se sair o mais depressa possível.
Para já quero ficar, sair também é pensar na avioneta que me trouxe até aqui… que para quem não gosta de voar, de maneira nenhuma é aconselhável, mas a paisagem que se pode contemplar com a chegada ao Príncipe é única, a cor e beleza do mar que contrasta com o verde que está por toda a ilha, compensa.
Ao regressar ao meu alojamento, pude ir a net, e encontro-me a assistir ao telejornal, nada mal, sei que não vai ficar a meio, porque a energia está garantida, só não dá para ver o final do filme da noite, ou seja, podemos começar a ver o filme, mas nunca conseguimos ver o final, é sempre depois das 23h.
Com o cair da noite surgem os nossos amigos que não são convidados, à pouco quando entrei no quarto percebi que lá está uma osga, pensei em pedir ajuda ao guarda, que temos 24 horas, que me respondeu, que não fazem mal, que até é bom, porque mata mosquitos, quando decidi vir pedir-lhe ajuda, dei de caras com um caranguejo grandito, que não saía do meu caminho, aos meus pés agora tenho um gato e mais ao fundo um cão. As formigas por aqui são uma constante, já para não falar das abelhas, que andam por todo o lado… resumindo, só posso dizer que definitivamente terei que dormir, por baixo do mosquiteiro!
CF

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Mais de STP logo Mais de Mim

Não é só África, como país, cheio de curiosidades que muda as pessoas, o clima tropical altera o nosso dia a dia, e as rotinas jamais serão as mesmas. Hoje sai do escritório e chovia bem, ao ponto de ter que vestir um impermeável, agora passadas umas horas, estou em casa, a morrer de calor. Após um convite para jantar com um grupo de pessoal conhecido, optei por ficar em casa, sem energia. Sinto-me cansada fisicamente e psicologicamente, um pouquito. Já passaram algumas semanas da minha chegada e sinto que o cansaço, está a chegar leve leve. Dei conta disso ontem, quando me deitei, dormi que nem uma pedra, e o rato até lá podia ter andado, que eu não dava por isso. Sem dúvida, a responsabilidade, os constrangimentos, as caminhadas, o clima, estão a fazer-se sentir, no meu estar. Contudo amanhã, dia 30 de Setembro, em STP é feriado, não sei ainda porquê, a quem perguntei, não me soube responder e não tive tempo de ir pesquisar, amanhã talvez dê para perceber o porquê. Voltando ao meu serão, decidi ficar em casa à luz de velas, decidi cozinhar pela primeira vez e jantei à luz de velas, na minha companhia. Foi agradável, principalmente porque pude optar. Dei por mim e após jantar a pensar no que fazer, ainda não tenho sono, já li um bocado e dei por mim a pensar na minha vida, no meu futuro, nos meus planos, enfim, em mim. Se calhar se tivesse luz estava a ver a TV e estes pensamentos não se teriam proporcionado, mas foi muito bom que assim tivesse acontecido. África muda-nos por isto, não voltarei a ser a mesma, quando estiver na minha casa a fazer o jantar com muita luz, claro que me lembrarei deste jantar, e perceber que tudo é possível, uns com mais outros com menos. Não querendo escrever frases feitas, a valorização das coisas é totalmente diferente. Há semanas que não uso o multibanco e agora que falo disso, não me lembro do meu código. Para que não acontecesse isso com o pin do telemóvel, registei-o, mas o do multibanco não, é um código que tenho memorizado…ops. Dei no outro dia conta da maravilha que é folhear um jornal, há semanas que não lia um, estou a escutar a chuva tropical que começou a cair em STP. Há maravilhas que não têm preço… Vou ver a chuva!!
CF

STP